Neste mês que estamos divulgando o Janeiro Branco pretendo trazer mais informação sobre a importância de discutirmos sem preconceito o tema Saúde Mental. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma definição simples pro termo Saúde: um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças.
Atualmente, presenciamos um aumento significativo nos casos de violência no trânsito, consumo de drogas, consumismo desenfreado, suicídio, intolerância ao outro e às situações, o que pode levar a um desequilíbrio emocional, que resulta em Transtornos de Humor, estresse elevado, abuso de drogas e medicamentos psicotrópicos, bem como outros transtornos psíquicos. Diante dessa realidade, precisamos repensar o cuidado em Saúde Mental com foco não somente na cura, mas também na prevenção e promoção do bem estar emocional.
Saúde Mental é a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções dentro de um amplo quadro de mudanças, sem perder o valor do real e do precioso. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver a vida na sua plenitude máxima, respeitando o outro.
Assim a Saúde Mental engloba tanto a ausência de transtornos mentais como, por exemplo, a Depressão, a Ansiedade Generalizada, a Esquizofrenia ou a Bipolaridade, como, também, a capacidade de o indivíduo reagir de forma equilibrada e adequada às circunstâncias da vida, como, por exemplo, a pressão no trabalho, os desencontros amorosos, as cobranças da sociedade, as oportunidades da infância, as responsabilidades da vida adulta, etc.
Até recentemente, a idéia dominante era a de que o termo Saúde Mental se referia apenas ao oposto de Doença (ou doente) Mental. Desta forma, quem buscava os serviços de Saúde Mental, automaticamente recebia o rótulo e o estigma de doente ou “louco”.
Nós podemos, naturalmente, fazer uma bateria de exames para averiguar se o coração está Ok, sem precisar ter um diagnóstico de doença, certo? Se os resultados não apontarem nada, é sinal que ultimamente tenho cuidado bem da minha saúde e basta então seguir outras orientações que meu cardiologista possa me dar para que tudo continue indo às mil maravilhas.
E isso vale para qualquer outra especialidade da área da saúde, exceto para a Mental. E qual o motivo? Preconceito. Esta é a primeira barreira a ser exterminada. Se estou passando por problemas ou situações aos quais não estou conseguindo administrar sozinho, por que não procurar ajuda? Ou será que deveria “ir levando” o sofrimento até que algo mais grave se instaure?
Assim a maior parte das pessoas nasce, cresce e morre sem, sequer por uma vez, ter sido examinada por um especialista da área da saúde mental (psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, etc;). No entanto achamos perfeitamente natural não conseguir manter um relacionamento que dure mais de uma noite, termos uma necessidade louca de gritar com o nosso companheiro, não alcançarmos qualquer tipo de prazer sexual ou sofrer de ansiedade sempre.
Assim surgiu a necessidade de divulgar a Campanha Janeiro Branco, que se iniciou no ano de 2014 em Uberlândia, idealizada pelo psicólogo Leonardo Abrahão, que tem o intuito de chamar a atenção de todas as pessoas do mundo para as questões relacionadas à Saúde Mental e à verdadeira felicidade do ser humano.
No século XXI, por exemplo, as pessoas têm optado pelo suicídio como nunca antes na história da humanidade ao mesmo tempo em que a humanidade está se transformando em um exército de dependentes químicos, de drogas lícitas e ilícitas, além de um exército de pessoas que não estão satisfeitas consigo mesmas, com as suas vidas pessoais, profissionais e relacionais. Estes são problemas que têm afetado crianças, jovens, adultos e idosos em todos os cantos do planeta.
No Brasil, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) calcula que mais de 40 milhões de pessoas têm algum distúrbio mental. A previsão é de que nos próximos anos, 10% das mulheres e 6% dos homens terão algum episódio depressivo. Além da Depressão, outras doenças psiquiátricas também se tornaram conhecidas dos brasileiros, como os Transtornos de Ansiedade, a Bipolaridade e a Síndrome do Pânico.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos Transtornos Mentais aparecem na infância: 50% antes dos 14 anos e 75% dos casos, antes dos 24 anos, e se não tratados podem evoluir até a idade adulta. A prevenção na área de Saúde Mental também é vital para o bem-estar e a qualidade de vida futura.
Mais do que nunca, precisamos aprender: “Mente sã, corpo são”. Não há como cuidar da Saúde Física e abrir mão da Saúde Mental. São dimensões que se completam e harmonizam. Se houver algum problema, mesmo o mais leve, é necessário buscar assistência para prevenir complicações futuras.
Assim, Saúde Mental e a Saúde Física não existem de forma independente, elas estão no mesmo time. Cuidar da Saúde Mental é essencial ao bem-estar integral do indivíduo, pois afeta diretamente a vida, os relacionamentos, as atividades e o convívio social.
Falar de Saúde Mental é falar também de qualidade de vida, e não há como negar os efeitos negativos da violência, do estresse e de outros problemas atuais, como o alcoolismo, o preconceito, a escalada crescente das drogas, bem como a discriminação e a intolerância religiosa ou de gênero, em nossas vidas.
O que vale dizer: como anda a sua Saúde Mental? Seus sonhos, projetos e emoções estão em equilíbrio? Sente ansiedade, desconforto, confusão mental ou conflito interior com frequência? São perguntas simples que fazem parte da vida e que também precisam de resposta, de atenção, de tratamento especializado. Tenha um olhar diferente para a vida. Cuide do seu interior, das suas emoções, da sua saúde mental.