Imagine-se na seguinte situação: você está em casa, amanhece, e ainda na cama, quando olha para o lugar onde seu cônjuge deveria estar, nota que ele já saiu, antes de você. Isso é suficiente para que seu coração acelere, as mãos comecem a suar, a visão fique turva e um medo aterrador, como se o chão estivesse se abrindo sob seus pés, tome conta de você.
Pois bem, essa reação que você sentiu está associada à ansiedade. Ela ocorre quando uma pessoa se encontra em uma situação que lhe causa medo, como, por exemplo, nos casos de fobia.
As mudanças que o mundo tem passado com tanta rapidez e a perda dos valores tradicionais têm gerado nos indivíduos novos conflitos e ansiedades. A ansiedade pode ser normal, de acordo com a situação vivida, mas pode se tornar patológica e levar ao transtorno de ansiedade.
Para diferenciar a ansiedade patológica da ansiedade normal, mede-se a proporção dos sintomas ansiosos em termos de intensidade, duração, interferência com o desempenho ou frequência com que ocorrem.
A ansiedade provoca uma sensação difusa, desagradável, vaga, e vem acompanhada de sensações corporais: vazio na boca do estômago, sudorese, aperto do tórax, batimentos acelerados, inquietação, entre outros.
Funciona como um sinal de alerta, avisando de algum perigo, possibilitando à pessoa tempo para tomar medidas com vistas a lidar diante de tal ameaça. Quando vem associada ao medo, também é um alerta, mas se diferencia, por ser uma resposta de uma ameaça já conhecida.
As fobias estão incluídas nos quadros de transtorno de ansiedade. Elas caracterizam-se pelo surgimento de uma ansiedade severa, decorrente de um medo irracional. Isso acontece quando o indivíduo é exposto a uma situação ou objeto específico sentidos como ameaçadores e se apresentam sintomas mentais e somáticos da ansiedade. Na tentativa de evitar sua ansiedade, o paciente faz de tudo para se esquivar da situação ou objeto que estimula a resposta fóbica e, consequentemente, suas atividades diárias podem ser prejudicadas.
As fobias são de três tipos:
Agorafobia: é o medo e o hábito de evitar lugares públicos que estão associados ao pânico. Incluindo as sensações:
- Medo de ficar sozinho em qualquer situação;
- Medo de estar em lugares lotados;
- Medo de perder o controle em um lugar público;
- Medo de estar em lugares onde pode ser difícil de sair, como um elevador ou trem;
- Incapacidade para deixar a sua casa (sozinhas) ou só é capaz de deixá-lo se alguém vai com você;
- Sensação de impotência;
- Dependência excessiva sobre os outros.
Fobia social: é uma espécie de timidez exarcebada e a pessoa afetada teme qualquer ato em público. Incluindo as sensações:
- Medo de situações em que você pode ser julgado, de interagir com pessoas desconhecidas, de demonstrar sua ansiedade e apreensão em eventos sociais;
- Medo, também, de sintomas físicos que possam causar constrangimento, como rubor fácil, sudorese, tremores ou voz trêmula;
- Preocupação em passar por situações constrangedores ou humilhantes ou, ainda, em ofender alguém;
- Evitar fazer algumas coisas ou falar com pessoas por medo de constrangimento, evitar situações em que você pode ser o centro das atenções;
- Ansiedade ao esperar por algo, como um evento ou atividade.
Fobia específica: é um medo irracional voltado para uma situação ou objeto em particular: um animal ou um espaço fechado, por exemplo. Incluindo as sensações:
- Medo Extremo;
- Sintomas da ansiedade;
- Incapacidade de se manter na presença do estímulo agressor;
- Aversão, repulsa;
- Necessidade irracional de fuga.
Alguns tipos de fobia:
Alektorofobia: medo de galinhas
Ablutofobia: medo de tomar banho
Automisofobia: medo de ficar sujo
Agliofobia: medo de sentir dor
Aicmofobia: medo de agulhas de injeção ou objetos pontudos;
Aracnefobia ou Aracnofobia: medo de aranhas
Astrofobia ou astrapofobia: medo de trovões e relâmpagos
Batracofobia: medo de anfíbios (como sapos, salamandras, rãs etc.);
Coulrofobia: medo de palhaços
Cinofobia: medo de cães
Copofobia: medo da fadiga
Dromofobia: medo de cruzar ruas
Eisoptrofobia: medo de se ver no espelho, medo de espelhos
Electrofobia: medo da eletricidade e de coisas eletrônicas
Fagofobia: medo de comer ou engolir
Gamofobia: medo de casar;
Hipsifobia: medo de altura
Hemofobia, hemafobia ou hematofobia: medo de sangue;
Katsaridafobia: medo de baratas (ao contrario do que se pensa é comum em homens)
Melissofobia: medo de abelhas
Mictofobia: medo do escuro
Ptesiofobia: medo de viajar de avião.
Tocofobia: medo de gravidez;
Uiofobia: medo dos próprios filhos
Claro que estas são apenas algumas fobias, existem muitas outras, e por mais que pareçam absurdas, causam muito sofrimento a quem as possuem.
Geralmente as fobias funcionam como objeto de troca: o medo original se desloca para outro objeto, do qual o indivíduo pode se defender estando fisicamente afastado. Seria um deslocamento estratégico de sentimentos que surgem de uma situação original para outra atual.
A fobia traz para o indivíduo um medo de agir de forma diferente, por não conseguir enfrentar aquilo que o faz sofrer, adoecendo fisicamente, pois o que lhe resta é uma maneira de fugir e se proteger.
Uma das formas de tratar a fobia é por meio de terapia, sendo um ponto importante para o tratamento, é o clima de confiança na relação terapeuta-paciente, em que há respeito, cuidado, aceitação e compromisso com esse paciente e o drama que vive. Assim o paciente se sente seguro para trazer à tona seus dramas e sentimentos encobertos e é capaz de enfrentar seus medos.
Na terapia psicodramática o indivíduo adoecido pode colocar sua identidade de lado e ser o que quiser, fazendo uso do jogo do “como se”. Ele experimenta, assim, novas formas de ser e fazer, esquecendo-se, por um momento, de suas angústias e dores, permitindo ao paciente ver além do que seus olhos veem, se colocando no lugar do outro.
No caso das fobias, o paciente tem a oportunidade de entrar em contato com o objeto temido ou a cena temida no “como se”. Desse modo, pode enfrentá-los, compreendendo o que o paralisa ao reviver a situação que o aprisionou.